quarta-feira, 30 de julho de 2014

"UM LAMPEJO DO TEMA 'NAMORO E CASAMENTO' NA LINHA DO TEMPO"

 (Rev. W. H.  Fitchett)

Todos os namoros de Wesley eram desastres, mas o seu casamento era uma tragédia - uma tragédia ainda mais completa devida ao seu triste aspecto. Entretanto, por causa da luz que este casamento faz sobre o seu caráter, e como fator na sua vida, deve se narrar a história.
Burgess Jenkins  e   Carrie Anne Hunt   interpretando  John Wesley  e  Sophy Hopkey   no filme:  Wesley:  Um coração transformado pode mudar o mundo



Sobre o assunto de casamento em geral os irmãos Carlos e João Wesley tinham ideais que eram, pelo menos, semi-monásticas. Em 1743 João Wesley publicou um tratado intitulado “Pensamentos sobre o casamento e a Vida Celibatária”, que poderia quase ter sido escrito por um Católico Romano asceta e convicto. O celibato, ele ensinou, ainda que não fosse de obrigação imperativa e universal; entretanto para ele era estado mais elevado do que o casamento. O casamento constituía uma concessão à fraqueza humana, e devia ser adiado em todos os casos por tanto tempo quanto fosse possível, e absolutamente rejeitado onde havia graça suficiente para que isto pudesse se fazer. Quando Carlos e João Wesley voltaram da Geórgia, na América, fizeram um pacto, cada qual se penhorando a não se casar sem o consentimento do outro.

Mas a natureza é mais forte do que as mais austeras teorias sacerdotais. E ela, se fez sentir primeiro em Carlos Wesley. Em 1748, quando já contava quarenta anos, ele propõe a seu irmão uma espécie de enigma: “Como sei eu que é melhor que eu me case? Certamente seria melhor agora do que mais tarde; e se não agora, que certeza terei então? Deve ser agora ou então nunca”. Ele com o modo característico dos Wesley prosseguiu em colecionar as opiniões de todos os seus amigos sobre o assunto. O tratado (pacto com) do seu irmão estava-lhe pela frente. Não podia rebatê-lo publicamente; mas esta dificuldade foi, entretanto, removida pela Conferência Anual de 1748 que tomou em consideração os “Pensamentos sobre o Casamento e a vida celibatária”, e convenceu o autor “que talvez labutasse em erro”; pelo menos, havia algo que se poderia dizer em contrário sobre o assunto. João Wesley registra: 
“Em Junho de 1748 celebramos a Conferência em Londres. Diversos irmãos então fizeram objeções aos “Pensamentos sobre o Casamento e a vida celibatária” e em pleno e amigável debate, me convenceram que um crente poderia casar-se sem sofrer dano na sua alma.”

Não era decisão muito satisfatória, mas CarIos Wesley estava disposto a correr o risco. Fixou a sua escolha em Miss Sally Gwynne. Era moça de seus vinte e três anos, filha de boa família, e pessoalmente possuía qualidades lindas e atrativas. A história deste namoro nos faz uma luz curiosa sobre os costumes sociais desse tempo. CarIos Wesley primeiro entendeu-se com o seu irmão João para que este lhe desse a sua aprovação, e fez a agradável descoberta que João já contemplava o matrimonio para ele, Carlos. Já havia, inclusive, escolhido mentalmente a três moças entres as quais Carlos poderia eleger uma, e Miss Gwyne era uma das três. Então se falou com Mrs. Gwyne, a mãe da jovem Sally. Ela era o espírito dirigente da família; e ao passo que aprovava a escolha de Carlos, ela discute toda a transação de um ponto de vista essencialmente prático.

Os detalhes são divertidos. Por exemplo, foi solenemente concedido que o noivo estaria com liberdade de “continuar com uma dieta vegetariana”, e de viajar como evangelista, mas não havia de ir à Irlanda – condição esta que, foi mais tarde retirada. Carlos Wesley, por sua parte, tinha de ter vencimentos de 100 libras por ano. Depois de certa relutância, João Wesley concordou em dar fiança a seu irmão de 100 libras por ano sobre os lucros de seus livros; mas Mrs. Gwynne recusou isto como não sendo uma segurança suficientemente sólida. Ela possuía as dúvidas de uma mulher prática acerca do valor mercantil de literatura.

As negociações assim se estacionaram, até que um dos amigos de Carlos Wesley, Perronet, entrou no assunto, escrevendo uma carta para a mãe da noiva. Ele disse: “Se vós e o mui digno Mr. Gwynne sois da opinião que o casamento proposto pelo Rev. Carlos Wesley é de Deus, não haveis de permitir que uma objeção tirada do mundo lhe desmanche!” Este argumento foi efetivo. A Carlos Wesley foi concedido um breve intervalo para o namoro, interrompido com viagens de pregação, e durante o qual escreveu nada menos de dezessete hinos – dirigidos principalmente ao objeto terreno de seus afetos. Aos 8 de Abril de 1749, celebrou-se o casamento.

Um crítico menos bondoso escreveu que o negócio mais parecia funeral do que casamento; mas modos bem sérios eram em voga entre os bons Metodistas desse tempo. E realmente o casamento foi de notável felicidade. A sua mulher, não obstante possuir um espírito mui terno e amável, tinha também uma força e equilíbrio de juízo quase varonil. Tornou-se a mãe de oito filhos, encheu a vida de seu marido com a felicidade mais serena, sobrevivendo-o por muitos anos, morrendo com a idade avançada de oitenta e seis anos. Pelo menos o casamento de um Wesley tornou-se experiência muito feliz. Entretanto um de seus resultados foi a mudança no caráter do trabalho de Carlos Wesley. Ele se achava agora, após o casamento, ancorado a um lar feliz e os filhos logo lhe rodeavam. Não podia mais fazer como antes um largo voar como evangelista itinerante, e as suas viagens de pregação eram praticamente limitadas aos caminhos entre Londres e Bristol.

Entretanto, João Wesley foi muito menos feliz nas suas excursões para os domínios da sentimentalidade. Todos os seus namoros foram desastrosos. E ele finalmente escolheu aquela que foi talvez a mulher mais absolutamente imprópria para ser a sua esposa que havia nos três reinos (Inglaterra, Irlanda e Escócia). Vultos tais como os de Betty Kirkham, de Mrs. Pendarvis – a “Aspácia” como era chamada em suas correspondências – e Miss Susie Hopkey, (Sophia hopkey) da colônia americana na Geórgia, atravessam ligeiramente a paisagem da vida de Wesley; mas a história do embaraço ainda mais sério resta para se contar.

Em Agosto de 1748, Wesley, enquanto estava em Newcastle, teve um de seus raros ataques de doença. Duraram apenas poucos dias e não interrompeu inteiramente as suas pregações; mas durante esta breve doença ele foi cuidado por Graça Murray, uma das enfermeiras no orfanato de Newcastle. A doença era sempre para João Wesley um período daquilo que se pode chamar “perigo matrimonial”. Em saúde ele se achava demais ocupado e atarefado demais intento em seu trabalho, para achar tempo de pensar em casamento. E também se pode dizer que raramente parava suficiente tempo num lugar qualquer para formar relações que pudessem conduzir a um casamento. Mas quando se achava doente então sentia a precisão das suaves ministrações da mulher. Ele possuía uma fé simples, mas quixotesca na bondade de todas as mulheres, e parecia sempre inclinado a propor casamento a qualquer mulher que lhe ministrasse durante uma doença. Três vezes esteve bem doente: na Geórgia, em 1737, onde Miss Hopkey lhe servia de enfermeira; em Newcastle, em 1748, onde recebia as ministrações de Graça Murray; e em Londres, em 1751, onde Mrs. Vaseille lhe cuidou. E é fato que Wesley desejou casar-se com cada uma destas mulheres por sua vez.

Graça Murray era viúva de seus vinte oito anos. Era de origem escocesa. Dificuldades políticas tinham trazido a sua família à pobreza; e ela mesma em certa ocasião tinha servido de criada. Mas muitos dos fatos demonstram que era uma mulher de encantos curiosos e perigosos: 
“Ela era notavelmente nítida; belamente frugal, sem ser sórdida; dotada de grande soma de bom senso, de uma paciência infatigável, e de uma ternura indizível; ligeira e bem jeitosa; de um trato encantador, de um temperamento ameno, franco e alegre, se bem que sério; ao passo que os seus dotes pela atitude eram tais como João Wesley ainda não via igualados.”

O dote de “ternura indizível” possuía para o espírito e corpo cansados de João Wesley, prostrado pela doença, um encanto perigoso; e quando terminaram as ministrações de Graça Murray como enfermeira ele lhe ofereceu o casamento. Ela parecia surpreendida, e disse: “É uma benção grande, demais para mim; não posso dizer como hei de crer! É tudo que eu poderia ter desejado neste mundo!”. Casar-se com Wesley, sem dúvida, teria sido para ela uma grande promoção; mas, era realmente fato – embora ela não o tivesse declarado a Wesley – que ela estava nesse momento praticamente com trato de casamento com um dos auxiliares do Wesley, João Bennet, que ela tinha servido de enfermeira no ano anterior.

A história que segue, se fosse contada em novela como ilustração da simplicidade masculina, e do capricho feminino, pareceria desmedida. Tyerman no seu “Wesley” narra com franqueza corajosa, que não pode haver dúvida alguma sobre os fatos principais. A história é tirada de documentos autênticos, e pelo menos um deles foi revisado pelo próprio Wesley. É um drama curioso, com um evangelista preocupado, com namoro; uma mulher altamente impressionável a quem o seu próprio sexo (as próprias mulheres) pelo menos consideraria um flirt incurável, como objeto de seus afetos; um rival paciente e determinado e um irmão intrometido com os outros atores. Graça Murray continuou a dirigir com igualmente “indizível ternura”, os seus dois namorados e as datas da história mostram com que facilidade ela transferia, alternadamente as suas emoções de um para outro.

Uma semana depois de ter-lhe proposto casamento Wesley tinha de começar uma viagem de pregação; antes de fazer isto, ele disse a Graça Murray que estava convencido que Deus tencionava que ela fosse sua esposa. Ela então protestou que “não podia suportar ser deixada atrás desta maneira” e Wesley a levou como auxiliadora em seus serviços. Quando ele chegou ao circuito de Bennet deixou Graça Murray ali inteiramente inconsciente das relações entre os dois. Dentro de uma semana Bennet, escreveu a Wesley, pedindo-lhe licença para casar-se com Graça Murray, e com a carta dele veio outra da Graça Murray dizendo que acreditava ser da vontade de Deus que ela se casasse – não com o Wesley – mas com Bennet!

Wesley respondeu em termos de admiração; mas estava agora absorto de novo em seu trabalho, e aceitou a situação com uma magnanimidade que bem poucos homens teriam manifestado, e que poucas mulheres teriam apreciado. A demasiadamente impressionável, Graça Murray, deveras, não estava disposta a deixar que o seu romance terminasse tão cedo ou tão abruptamente. Durante seis meses ela manteve correspondência, com ambos, e persuadia cada qual por sua vez, que ela lhe amava unicamente. Parece, que ela realmente acreditava que pertencia àquele cuja carta ela lia por último.

Deve-se lembrar a que ela foi uma das auxiliadoras empregadas no trabalho de Wesley, e em Fevereiro de 1749, Wesley, então prestes a visitar a Irlanda tencionava levá-la consigo para ajudar-lhe nos serviços ali. Ela mandou dizer a Bennet, acrescentando, que “se ele a amava” viesse logo.

Bennet não pôde vir; e Graça Murray disse Wesley, com a única faísca de franqueza que mostrara na transação toda, como se achavam os negócios entre ela e Bennet. Depois de muita discussão, concordou-se que o contrato com Bennet não era válido; ela pertencia a Wesley. Portanto acompanhou a Wesley e tomou parte nos serviços por toda a Irlanda.

Em Agosto desse 1749, Bennet e Wesley se encontraram em Epworth; e Bennet disse a Wesley que Graça Murray mandara para ele todas as cartas que Wesley enviara para ela. A consciência feminina, em cousas relacionadas com o dever expresso e claro, é geralmente ainda mais sensitiva do que aquela do homem; mas aquela substância vaga e indefinida que se chama “sentimento de honra”, é, pelo menos em algumas mulheres, não somente cousa que não possuem, mas nem a compreendem. Dar as cartas que foram escritas por um pretendente, em toda confiança de afeto, para um rival, constituía um ato de traição feminina que poucos homens poderiam perdoar. Para o rígido senso de honra possuído por Wesley, o ato parecia nada menos do que uma baixeza. Visivelmente esfriou-se o ardor dos afetos por aquela que praticou tal ato. Depois desta fase, a senhora Grace, ficou claramente mais "desejosa" - de diferentes maneiras, sem dúvida, segundo seu jeito característico – do que o cavaleiro (Wesley).

Mas este ato, ao passo que demonstrou que esquisito senso de honra foi aquele possuído por Graça Murray, mostrou também uma cousa mais – ela amava a Bennet! E Wesley decidiu que Grace e Bennett deviam se casar de uma vez, e escreveu uma breve carta a Graça Murray dizendo isso mesmo.

Recebendo-a, ela correu a Wesley banhada de lágrimas e pediu-lhe "que não falasse assim a não ser que a quisesse matar”. Wesley hesitou; lágrimas correndo pelas faces de quem ele tanto amava eram quase irresistíveis. Mas perseverou na sua decisão de deixá-la. Ela ficou doente e mandou chamá-lo, e lhe disse: “Como podeis imaginar que eu ame a qualquer outro melhor do que vos amo a vós. Eu vos amo mil vezes mais do que jamais amei a João Bennet”. Naquela mesma tarde, quando João Bennet por sua vez veio, ela prometeu que havia de ser esposa dele! Será que já houve uma transferência tão rápida de afetos de um pretendente para outro?

Aos 6 de Setembro de 1749 Wesley laconicamente perguntou-lhe: “Qual haveis de escolher?” Ela respondeu: “Estou resolvida pela consciência bem como pela inclinação a viver e morrer convosco". Tanto Wesley como a Sra. escreveram a Bennet nestes termos. Aqui afinal, o negócio aparentemente está resolvido. Graça Murray insistiu que Wesley casasse consigo de uma vez; ela conhecia a si mesma bem demais para não reconhecer o perigo de uma demora! Mas Wesley, sempre o mais descansado dos namorados, desejava agora dar satisfação a João Bennet; receber o consentimento do seu irmão Carlos; explicar a todos os pregadores e Sociedades as suas razões por este passo, e pedir as suas orações; e isto, ele calculava, levaria mais ou menos um ano.

Eis aqui um catálogo de demoras e incertezas! A Senhora concordou em esperar, mas protestou que não esperaria mais do que um ano, e é claro que uma aproximação ao casamento por caminho tão tedioso e indireto outra vez desequilibrou os seus afetos tão facilmente transferíveis.

O esforço para satisfazer a João Bennet ficou bastante demorado e durante este tempo Carlos Wesley apareceu em cena. O seu orgulho familiar ficou abalado com a idéia de seu irmão querer casar-se com uma mulher que, diziam, tinha sido uma criada; e se Graça Murray possuía a arte de fascinar a todos os homens, este dom estava acompanhado, como é geralmente o caso, com a faculdade de ofender a maioria de seu próprio sexo. A sua indizível ternura era debalde com elas! Elas a contemplavam com olhos de crítica frigorífica; e Carlos Wesley recebia aos ouvidos, muitas contas proferidas por lábios femininos que eram prejudicais à pretendida noiva de seu irmão. Ele disse laconicamente a seu irmão que todos os seus pregadores Ihes deixariam, e todas as suas Sociedades se dispersariam, se ele se casasse com Graça Murray.

Wesley argumentou o caso com seu irmão, com uma filosofia que é mais consoante com o seu domínio próprio como homem do que com o seu ardor de namorado. Ele era lógico mesmo em cousas de namoros; os seus afetos corriam em silogismos, e depois de dar os detalhes a seu irmão, dos méritos do objeto de suas afeições, ele fez um sumário de suas conclusões em duas parcelas: “1) Tenho razões escriturística em casar-me; 2) Não conheço outra pessoa tão própria como ela”.

Carlos partiu, depois de ter dado um beijo na pretendida noiva, dizendo: "Graça Murray, tendes me quebrantado o coração". Mas aconteceu que Graça Murray tinha o ensejo de ir agora para Newcastle, e Carlos acompanhou-a àquele lugar. João Bennet estava ali a sua espera. A impressionável Graça Murray caiu aos pés do namorado nº 2 e confessou que havia-lhe tratado mal, pediu-lhe o perdão, e dentro de sete dias se casaram!

Repetimos que ela era Senhora de afeições bastante volúveis. As datas a condenam. Aos 6 de Setembro de 1749 ela estava pedindo que Wesley casasse com ela imediatamente, e protestava que amava a ele somente. Aos 28 de Setembro ela se prostrava aos pés de João Bennet, pedindo-lhe o perdão, e declarando que ele era o único objeto de seus afetos demais ativos.

Poucos dias depois do casamento de Grace e Bennett, Carlos Wesley, com o casal recém-casado, vão até João Wesley, e uma cena curiosa se seguiu. Whitefiled, que havia chegado no dia anterior, e havia chorado e orado em favor de Wesley, estava presente. Segundo registros feitos posteriormente por Tyerman, 
“Carlos Wesley, com a sua impetuosidade característica, falou com seu irmão (sobre o triângulo amoroso nutrido por João Wesley), dizendo: "eu deixo de ter quaisquer relações convosco, senão as que tenho com um gentio ou publicano”. Whitefield e João Nelson, que estavam próximos, percebendo o clima ruim, oraram, choraram e intercederam, até passar o temporal (o conflito). Finalmente os dois irmãos, incapazes de falarem, se lançaram um sobre o outro, e abraçavam-se. João Bennet, o agora marido de Grace, foi chamado e apresentado ao encontro; mas em vez de João Wesley repreendê-lo, lhe beijou. Wesley e seu irmão, em seguida, tiveram uma conversa particular, e, depois de ouvir as explicações de João, Carlos ficou completamente admirado, e lhe exonerou (absolveu) de toda a culpa, e declarou que toda a culpabilidade era de Grace”. (Tyerman, lI. pág. 53).

É indubitável que João Wesley fora mal tratado no negócio todo; mal tratado pelo irmão, por seu pregar auxiliar Bennet, e por esta Sra. Murray de afeições (sentimentos) tão mutáveis. Mas é mais fácil perdoar àquele que tem nos ofendido do que àquele que nós temos ofendido; e Bennet, dentro de nove meses depois do casamento, separou-se de Wesley e levou consigo tantos membros das Sociedades quantos poderia influir.

Quatro dias depois do casamento, João Wesley escreveu a um amigo, citando de novo o versículo que citara uns doze anos antes, quando Miss Hopkey fora lhe tirada: “Filho do homem, eis que tirarei de ti o desejo dos teus olhos de um golpe; todavia não lamentarás, nem chorarás, nem te correrão lágrimas”. Ele acrescenta: ”Ontem vi a minha querida que era, e aquele a quem ela foi sacrificada... Mas por que se deve queixar o homem mortal pelo castigo de seus pecados?”

Mas Wesley não era homem para nutrir sentimentos ruins; e não tinha tempo para gastar em prevenções. Ele perdoou a mulher que lhe enganara e o amigo que lhe sobrepujara, e o dia seguinte à entrevista descrita acima saiu numa viagem de pregação. Passou quase quarenta anos antes de Graça Murray e João Wesley se encontrarem de novo. Ele estava pregando em Moorfields, e ela lhe enviou uma mensagem pedindo que a visitasse. Ele foi, passou uns breves momentos com ela, e nunca mais mencionou o seu nome.

A natureza humana é composta de muitos elementos; e a história que temos contado dá somente um lado do caráter de Graça Murray. Uma breve biografia, com citações de seu diário, publicada por seu filho, depois de sua morte, mostra que ela era mulher de profundos sentimentos religiosos, e com desusado (incomum) poder de expressão literária. Há evidência, também, que ela tinha um lugar na estima de ambos os Wesley depois de seu casamento com Bennet, e da história curiosa que o precedeu. Dois meses depois do casamento, numa carta a Bennet, assinada "por vosso irmão sincero”, datada de Londres, aos 7 de Dezembro de 1749, e nunca antes publicada, João Wesley diz: 
“Eu escrevi a minha última carta na plenitude do meu coração, não tencionando a tornar escrever-vos jamais. Não quero escrever qualquer cousa mais sobre aquele assunto. Talvez chegue o dia quando eu puder vos mostrar a carta que eu havia escrito para vos enviar em tempos passados. Não vejo as causas através do mesmo prisma que vós as contemplais; mas não me queixo. Sou pecador; portanto é justo que eu me porte com discrição todos os meus dias. Sim, e creio que é melhor que eu faça assim.”

Ele acrescenta um post-scriptum significativo: 
“Pobre Graça! Já fostes o instrumento de muitas bênçãos para mim. Que Deus vos prepare para receberdes todas as suas bênçãos aqui e na eternidade”.

Muitos meses mais tarde numa carta a Bennet, sob a data de 10 de Agosto de 1750, Carlos Wesley diz: “O meu coração está convosco e com os vossos queridos”. Ele também envia uma mensagem à Graça: "Querida Graça! Não temais! Em seis apertos Deus tem vos salvo”. E acrescenta: “A minha esposa, vos saúda no amor que nunca desfalece”.

Talvez a melhor defesa de Graça Murray foi oferecida pelo próprio João Wesley na “Narrativa das Notáveis Transações na Vida de João Wesley”, de um manuscrito original em sua própria letra, publicado em 1862. Embora a evidência da genuinidade (qualidade de genuíno, veracidade) da narrativa não seja absoluta, entretanto é bastante forte, e a história assim contada mostra muito claramente a profunda e solícita ternura de Graça Murray que constituía ao mesmo tempo o seu encanto e a sua fraqueza. A análise que Wesley faz do caráter e trabalho dela como sua auxiliadora está escrita em tom de apreciação. Ele declara que nunca ouviu nem se encontrou com outra mulher tão reconhecida por Deus. O seu amor por Graça Murray, como se vê na narrativa, era um fogo que se acendeu vagarosamente, mas tornou-se intenso, ainda que Wesley sempre era algo de pedante, mesmo quando de namoro.

A chave da fogosa oposição que Carlos Wesley fazia ao casamento se acha numa carta encabeçada “À Minha querida Irmã e Amiga”, que Carlos Wesley escreveu à Graça depois da entrevista na vista na qual ele disse: 
“Graça Murray, tendes me quebrantado o coração”. Nesta carta ele escreve: “O caso me parece assim: Prometestes a João Bennett que casaríeis com ele; e depois contratastes com outro. Como foi possível isto, e quem é esse outro? Alguém de tal importância, que por fazer uma ação tão desonesta (casar-se com uma mulher comprometida com outro) ele destruiria a si mesmo e a mim, e a todo o trabalho de Deus. Que escândalo teríeis trazido para o evangelho! Teríeis vivido para ouvir o vosso nome vituperado pelo povo de Deus”.

Segundo esta idéia, João Wesley estava tirando de um de seus pregadores a mulher que lhe prometera ser sua esposa. É um escândalo que explica as palavras abruptas que Carlos Wesley dirigiu a seu irmão. 
“Deixo de ter convosco qualquer outra comunicação senão a que tenho com um pagão (gentio) ou publicano”.

João Wesley ao contar a história diz: 
“Senti pouca emoção, pois era simplesmente o acréscimo de uma gota de água para um homem que estava a afogar-se, enquanto eu aceitava a sua renúncia e concordava nela ".

Para Graça Murray o casamento com João Wesley foi representado como um crime, que destruiria o seu trabalho, e disseram-lhe que o próprio Wesley havia reconhecido isto depois que ela o deixara. Então a pobre alma atormentada e desesperada declarou: "Aceitarei a João Bennet, se ele me quiser".

É certo que João Wesley acreditava que seu contrato de casamento com Graça Murray era de data anterior e de maior autoridade do que aquele que ela fizera com Bennet. Por esta estranha confusão de datas e contratos Graça Murray, com a sua ternura, foi indubitavelmente responsável; mas, como diz o próprio Wesley: “Os que conhecem a natureza humana hão de ter compaixão dela, pelo menos, tanto como em censurá-la”.

A narrativa de João Wesley acrescenta um incidente interessante. Depois que Carlos Wesley levara consigo a Graça Murray e a persuadira que o casamento com seu irmão seria um crime, ainda restava a tarefa de conseguir que Bennet casasse com ela, pois chegara notícia que “ele não queria saber mais dela”. CarIos Wesley então deixou a pobre Graça com pessoas amigas, duas milhas de New Castle, e foi adiante para ter uma entrevista com Bennet. 
“O modo pelo qual lhe aplacou a ira, diz João Wesley, foi em atribuir-me toda a culpa, como tendo empregado toda minha arte e autoridade para seduzir a mulher de um outro... Então Graça Murray foi levada a João Bennett, e ela lhe caiu aos pés e pediu lhe que a perdoasse. Para satisfazê-la inteiramente a respeito de qualquer escrúpulo que ainda restasse, introduziu-se alguém para assegurar-lhe que eu a tinha abandonado e nada, teria para dizer-lhe, mais.”

Wesley conta a história da entrevista com Bennet e sua esposa Graça naquele 6 de Outubro. Diz ele: 
“Que entrevista! Sentávamos juntos para chorar. Eu perguntei: “Que dissestes a meu irmão Carlos para induzi-lo a falar-me da maneira que fez?” Ela caiu-me aos pés e disse que não podia falar contra mim, em muitas palavras mais, do mesmo sentido, ela prosseguiu, entre lágrimas e suspiros profundos. Antes dela levantar-se Bennet também caiu de joelhos por causa daquilo que havia dito de mim. Entre os dois eu não sabia o que dizer ou fazer. Posso perdoar, mas quem poderá corrigir a injustiça?”

Wesley termina a narrativa com as palavras: “Dificilmente se acharia outro caso igual desde o começo do mundo”.

Dezoito meses depois dessa data, João Wesley encontrara sua sorte infeliz e se casara.

Foi Carlos Wesley quem primeiro encontrou a Senhora Vazielle na casa, de seu colega, Perronet, e a descreveu como “mulher de espírito triste”; qualidade que, mais tarde, seu infeliz marido descobriu ser simplesmente um gênio para fazer-se a si mesma e a todos a seu redor infelizes. Era viúva, com poucos anos menos do que João Wesley, tinha três filhos, e vencimentos suficientes para a sua criação (sustento da família). Ela era, a seu modo desconsolado – nesse tempo pelo menos – mulher religiosa, com alguma capacidade para fazer-se agradável quando queria. Mas era ignorante, de hábitos egoístas, com uma capacidade semi-Iunática pelo ciúme.

João Wesley possuía uma simplicidade infantil em todas as matérias em relação a mulheres. Nunca soube fazer desconto pelo sexo. Ele contemplava a toda a mulher com apreço simples, e as tomava ao valor declarado. Qualquer entre suas irmãs poderia lhe ter ensinado melhor. Elas logo teriam visto que o vestido “tipo D. Suzana Wesley” usado por Miss Hopkey, e a suas dúvidas piedosas, e o seu zelo como enfermeira na Geórgia (onde Wesley fora missionário), não passavam de artes de seu sexo (artimanhas, estratégias femininas), visando cativar o jovem e sincero lente (professor) de São João, que por uma coincidência estranha havia se apraiado na Geórgia. Semelhantemente ”a indizível ternura” de Graça Murray, e o “espírito triste” da viúva Vazielle, teriam sido analisados, descontados e avaliados.

Entretanto, para João Wesley cada mulher era retrato de sua mãe. É fácil rir-se de sua simplicidade, mas ela tem uma raiz nobre e generosa.

Logo Wesley foi apresentado à viúva Vazielle por seu irmão CarIos. Os eventos se desdobravam com ligeireza. Era caso de uma viúva e de um homem de meia idade que julgava ser o seu dever casar, mas que estava demais ocupado para procurar uma esposa. Aos 2 de Fevereiro Carlos escreve: “Meu irmão me disse que está resolvido a casar-se”. Que João seguisse o seu exemplo parecia a este nada menos do que um desastre. Ele diz. “Fiquei surpreendido”.

“Veio então o fiel Ed Perronet dizendo-me que a pessoa era a Viúva VazielIe! Uma que nunca suspeitei. Eu recusei acompanhá-lo à capela, e retirei-me para chorar com a minha fiel Sally. Suspirei durante o dia inteiro e por alguns dias depois pela infelicidade do povo e da minha. Não pude comer, nem pregar, nem descansar, quer de dia quer de noite” (Tyerman, lI. pág. 104).

Wesley, desta vez, não estava com a mínima disposição de consultar os seus amigos, ou de pedir a opinião e orações de suas Sociedades. E ainda menos disposição tinha de consultar com seu irmão Carlos. A sua interferência havia-lhe desmanchado um casamento; João não havia de dar-lhe o ensejo de desmanchar outro. Mas seguiu um incidente curioso. Ele diz:
“Encontrei-me com os solteiros da Sociedade de Londres, e lhes mostrei por quantas razões seria bem para aqueles (os solteiros), tendo recebido este dom de Deus, continuar solteiros por amor do reino dos céus, a não ser onde um caso excepcional constituísse uma isenção da regra".

O espetáculo de João Wesley uns dez dias antes de seu próprio casamento explicando a superioridade do celibato em uma de suas Sociedades é um enigma. Pela expressão – um caso excepcional – o próprio Wesley estava nesse momento preparando escapar do celibato que ele recomendava a outros.

Wesley já estivera tão perto de casamento antes, sem, todavia ter alcançado o alvo, e não há certeza alguma que a viúva Vazielle teria se tornado em Mrs. João Wesley senão fosse um acidente trivial. Wesley estava em vésperas de sair em outra viagem ao norte, na qual é provável que ele ter-se-ia esquecido da viúva VazieIle; mas nesta ocasião lhe sobreveio um acidente que precipitou o negócio. Houve uma grande geada, e Wesley, ao atravessar a ponte de Londres, resvalou sobre o gelo e feriu o pé seriamente. Tentou com coragem invencível a pregar, mas não pôde, e foi levado para a rua Threadneedle, onde residia a viúva Vazielle, e esta senhora lhe servia de enfermeira. Era fatal! Passaram-se sete dias, em parte na tarefa de preparar uma gramática hebraica, e em preparar umas lições para as crianças, e em parte em “conversas com a viúva Vazielle” e em ser cuidado por ela.

O acidente se deu aos 10 de Fevereiro de 1851. Aos 17 de Fevereiro ele foi levado para a Foundry, e pregou de joelhos, não podendo ficar de pé. No dia seguinte, dia 18 de fevereiro de 1851, ainda manco, casou-se com a Viúva Vazielle. Pregou outra vez – homem invencível! – ainda de joelhos, à noite de terça-feira, e quarta feira de manhã; e quinze dias depois do seu casamento, podendo montar a cavalo, prosseguiu numa viagem de pregação.

A mulher de Wesley viveu até o ano 1781, e durante aqueles trinta anos era para o marido a encarnação de uma tormenta constante. A princípio ela lhe acompanhava em suas viagens de pregação, mas o seu gênio de ficar descontente, e de contrariar a todos ao seu redor, acabou com isso. Dentro de um mês depois do casamento o tópico predileto desta notável mulher foi conversar sobre as faltas do seu grande marido. Durante um ano houve um rompimento confesso e incurável.

Wesley, sem dúvida, era marido um pouco difícil! O seu caráter e hábitos já eram fixos: ele viajava incessantemente; a sua vida não tinha cousa alguma privada. A mulher casada com Wesley bem poderia se sentir como se estivesse atada à cauda de um cometa. Entretanto Wesley era homem de paciência invencível, de bondade ilimitada e possuía as profundezas de sentimento que uma verdadeira mulher poderia ter ganhado com facilidade. Mas a sua esposa não era cousa melhor do que um mosquito humano. A sua ocupação era dar ferroada.

Carlos Wesley com traços de humor inconsciente dá uma idéia da capacidade desta infeliz em brigar. EIe diz: “Dois minutos antes da pregação eu visitei a Mrs. Wesley na Foundry e em todo este tempo não tivemos uma única briga”. Deveras, Carlos tomava as fúrias da mulher de seu irmão em sentido humorístico. Costumava chamá-la de sua “melhor amiga”, porque ela lhe contava as faltas com mais diligencia e ênfase do que qualquer outro ser humano. Entretanto, Carlos foi urna vez, por um momento, tocado fora dos limites de sua filosofia. Esta mulher estava costumada a acusá-lo de preguiça; mas um dia em espírito mais malévolo do que de costume, ela declarou-lhe que durante anos a sua querida Sally fora amante de seu irmão! Carlos sapateou de raiva com esta difamação de sua esposa, a qual, por sua vez, com o seu bom senso sereno e invencível, simplesmente sorriu e disse: “Quem há de acreditar na minha irmã agora?”

O ciúme é talvez, a mais malévola e atormentadora de todas as paixões humanas. Quando é aceso é simplesmente uma forma de demência. E Mrs. Wesley era furiosamente enciumada de seu marido. O trabalho dele o colocou na condição de amigo e conselheiro de muitas pessoas, inclusive, muitas mulheres. Entre seus auxiliares, também, e nas instituições que surgiam sob os seus cuidados, foram empregadas mulheres; e cada qual era, para sua esposa meio insana, objeto de suspeitas mortais. Wesley, por sua vez, estava inclinado à toleração (tolerância), de uma maneira masculina (viril, forte) e generosa, aos fatos em relação a tais mulheres que outras mulheres – mesmo as melhores – dificilmente perdoariam. Por exemplo, Sara Ryan, a diretora interna de um de seus orfanatos, era mulher com uma “história”. Nesse tempo era mulher de apenas trinta e três anos, mas tinha três maridos ainda vivos, e vivia separada de todos eles! Wesley escrevia a ela constantemente, fato este que incitava a sua esposa à fúria. Ela furtou a correspondência de Wesley para satisfazer as suas dúvidas; ela viajava uma centena de milhas para ver quem eram os companheiros de Wesley em certas fases de suas viagens evangelísticas. A sua inquietação às vezes lhe lançava num paroxismo (auge, apogeu, intensidade) de violência insana, e às vezes a atos de traição quase incríveis. Não somente furtava as cartas do marido; ela interpolava-as a fim de dar um sentido mal, e as colocou nas mãos dos inimigos de Wesley para serem publicadas.

Wesley não mostrou muito jeito em tratar com a sua esposa. Ele discutia com ela solene e longamente; como se uma mulher, que, à semelhança da “vida” de Alfred Tennyson (poeta inglês), era “uma fúria vomitando chamas”, pudesse se curar com silogismos (argumentos, explicações). A Rainha Vitória uma vez queixou-se que o Sr. GIadstone costumava se dirigir a ela como se ele se dirigisse a uma reunião pública. Pois João Wesley às vezes escrevia à sua mulher como se ela fosse uma multidão em Moorfields ou Kingswood. Eis um exemplo:
“Em suma, conhecei-vos a vós, e conhecei-me a mim. Não posso vos ser inimigo; deixe-me vos ser por amigo. Não tenhais mais suspeitas de mim, não me vitupereis mais, nem mais me provoqueis. Não vos esforceis mais para alcançar o domínio, nem poder, nem dinheiro, nem louvor. Sede contente em ser pessoa insignificante e particular, conhecida e amada somente por Deus e por mim. Não vos esforceis mais para cortar a minha liberdade, que eu pretendo segundo as leis de Deus e dos homens. Deixai-me para que eu seja governado por Deus e minha consciência. Então vos governarei com direção suave, e mostrarei que deveras vos amo mesmo como Cristo ama a sua Igreja”.

Eis outra admoestação de Wesley como marido: 
“Talvez seja uma benção indizível que tendes por marido, um que vos conhece o gênio e pode aturá-lo; o qual, depois de lhe terdes cansado por modos enumeráveis acusando-o de causas que ele não sabia, roubando-o, traindo¬-lhe a confiança, revelando os seus segredos, dando-lhe mil feridas traiçoeiras, propositalmente manchando-lhe o caráter e vituperando-o, fazendo disso o vosso emprego, sob a pretensão de vindicar o vosso próprio caráter o qual, digo eu, depois de todas essas provocações, está ainda pronto a perdoar-vos tudo, a esquecer-se do passado como se nunca houvesse, e receber-vos de braços abertos; exceto enquanto tiverdes a espada na mão".

Aos 23 de Junho de 1771, aparece a famosa nota no Diário de Wesley: “Qual a causa, não sei, a minha esposa partiu para Newcastle, com o propósito de nunca mais voltar. “Nom eam reliqui: non dimiti: non revocabo” (eu não a deixei, não a mandei embora e não irei busca-la de volta).

Supõe-se geralmente que esta “non revocabo” (não irei buscá-la) era final, e daquela data terminaram as relações de Wesley com a sua mulher; mas tal não é o caso. No ano seguinte a sua esposa, por breve tempo, pelo menos, estava consigo outra vez, e mais uma vez desapareceu além do horizonte num redemoinho de paixão. Wesley não a chamou, ela voltou sem ser convidada. Numa carta com data de 31 de Maio de 1774, carta que é uma longa repreensão, ela se subscreve “a vossa afetuosa esposa”. Entretanto, estiveram finalmente separados durante a última parte da vida dela. Uma das últimas palavras que Wesley escreveu à sua esposa foi em 1778: “Se ainda vivêsseis mil anos, nunca poderíeis desfazer o mal que cometestes; e até que tenhais feito o que puderdes com este intuito, eu vos digo adeus”. Wesley registra no seu Diário: “Aos 12 de Outubro de 1781, vim a Londres e me disseram que a minha esposa faleceu na segunda-feira”.

A estranha experiência de João Wesley no seu casamento é a tragédia de sua vida. A mulher que ele escolheu, segundo Southey, “merece ser classificada numa tríade com Xantipa e a mulher de Jó como sendo uma das três esposas más deste mundo”. Como seria que um homem tão nobre e sábio fizesse uma escolha tão infeliz? Mas se houver necessidade de qualquer prova da fibra heróica do caráter de Wesley, ela se achará no fato que, enquanto ele estava castigado com esta peste humana em saias; ele nunca se desviou, a grossura de um cabelo (um milímetro sequer!), do trabalho da sua vida. Nem se obscureceu a sua alegria habitual! O marido desta virago (feminino de varão, esposa, esposa “machão”, irascível) ainda era capaz de declarar que nunca tinha sofrido de desânimo por um quarto de hora (quinze minutos). Outro homem qualquer, sob tal aflição teria sabido (experimentado) pouca cousa mais do que desânimo. Talvez a invencível serenidade de Wesley fosse uma irritação inconsciente para a mulher. Constituía um desafio a seu dom em fazer todos infelizes.

Mas é quase divertido notar como a alquimia (a química) da sua fé serena transformou a mulher irascível de Wesley em força benéfica. Ele contou algum tempo depois a Moore, um de seus auxiliares que se Mrs. Wesley fosse melhor esposa, ele poderia ter-se tornado infiel no grande trabalho ao qual Deus lhe chamara, e talvez procurasse agradá-la demais, cumprindo-lhe todos os desejos”. Esta mesma opinião é externada com clareza humorística por João Hampson: “O casamento seriamente aleijou (limitou o trabalho missionário) a Carlos Wesley”, escreveu ele a Berridge de Everton, “e teria feito o mesmo com João Wesley e George Whithefield se Deus não tivesse Ihes deparado (trazido inesperadamente, mas o melhor seria: “permitido fazer soberanamente a escolha por) duas doninhas (animais predadores de pequeno porte)!”

Deve-se notar que Whitefield tinha uma experiência marital não muito mais feliz do que aquela do seu grande camarada; e ele mereceu a sorte infeliz que teve. Na carta aos pais da moça que ele desejava por esposa, comunicando a proposta de casamento, explica que desejava “uma diretora para o seu orfanato”. E acrescenta: “Não tenhais receio de mandar-me uma recusa, porque, graças a Deus, se conheço algo do meu próprio coração, sou livre daquela paixão tola que o mundo chama amor”. Um pretendente tão frio merece uma virago (feminino de varão, esposa, esposa “machão”, irascível) por esposa. 
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** (Esse texto corresponde ao capítulo XV, "Os namoros de Wesley", do livro "Wesley e seu século – um estudo de forças espirituais, Volume II", respectivamente nas páginas 181 a 200, edição de 1916 publicada pela Typographia de Carlos Echenique, Porto Alegre, RJ).

OBS: As notas explicativas dentro de parênteses são de iniciativa da edição on line do site da Igreja Metodista de Vila Isabel.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Sabedoria nos Relacionamentos - Criswell

Wandeir P Tavares (Pastor e Coach)-Foco em:
Resultado; Gestão de pessoas; Formação e
Treinamento de Equipes.
          Cada pessoa que trabalha conosco é única. Cada uma é uma complexa mistura de formação, temperamento e aptidões. Neste fato está a origem da maior parte dos conflitos de relacionamentos.

          A imparidade causa todos os tipos de problemas de comunicação. Com frequência simplesmente não nos entendemos um ao outro. Podemos usar as mesmas palavras, porém, dizendo coisas diferentes.

          O gestor sábio reconhece e valoriza as diferenças existentes entre as pessoas e se relaciona com cada uma de forma diferenciada, ao invés de uniformizar sua maneira de relacionar-se com elas. Ele compreende que são necessários “ritmos diferentes para parceiros diferentes”. 

          Você gostaria de ter sabedoria para se relacionar com as pessoas? A Bíblia nos mostra as características de pessoas sábias para isso: “A sabedoria é pura... é amante da paz e cortês. Tolera o debate e está pronta a submeter-se aos outros; é repleta de misericórdia... É cordial, correta e sincera. E todos aqueles que são pacificadores plantarão sementes de paz e levantarão uma colheita de justiça” (Tiago 3.15-17 – Bíblia Viva).  Vejamos algumas maneiras para alcançar sabedoria e lidar com outras pessoas: 

Não faça concessões à custa da integridade (a sabedoria é pura) – Seja honesto. Honre suas promessas e compromissos. 

Não se contraponha à raiva do outro (a sabedoria é amante da paz) – Trabalhe pela manutenção da harmonia. Não “pise no calo do outro”. 

Não menospreze os sentimentos alheios (a sabedoria é cortês) – Você pode não se sentir como o outro se sente, mas não ignore ou ridicularize o que ele está sentindo.

Não critique as sugestões dos outros (a sabedoria tolera o debate) – Você pode discordar, mas sem ser desagradável ou intolerante.

Não chame a atenção para erros (ela é cheia de misericórdia) - Ao invés de insistir no assunto de maneira desagradável, ponha um ponto final nele.

Não disfarce sua motivação (ela é cordial...e sincera) – Seja autêntico com você mesmo. Não manobre, nem manipule. 

Questões Para Reflexão ou Discussão  
1.    Se você concorda com o autor que cada “pessoa é única”, qual deve ser a maneira correta de lidar com cada uma?
2.    Como o gestor sábio pode aplicar em sua atividade, o conceito de “ritmos diferentes para parceiros diferentes”?
3.    Alguns estudiosos têm chamado a Bíblia de “o livro dos relacionamentos”. Que acha dessa ideia?
4.    Como você encara as várias maneiras de demonstrar sabedoria nos relacionamentos propostos pelo autor?
Desejando considerar outras passagens da Bíblia relacionadas ao tema, sugerimos: Números 30.16; Mateus 7.12; Hebreus 13.2; 1Tessalonicenses5.14-15; Hebreus 13.2.

terça-feira, 1 de julho de 2014

'EXPERIMENTANDO DEUS ATRAVÉS DA ORAÇÃO'




"Engana-se quem pensa que pode viver bem
 sem oração. Deixar de orar é deixar de viver".

Pr. Eli Santos.



EXPERIMENTANDO DEUS ATRAVÉS da Oração (Madame Jeanne Guyon)
Apreciado como um dos maiores trabalhos Cristãos na história, este livro explica eficazmente pequenos e fáceis métodos de oração para aqueles que famintos e sedentos procuram a presença de Deus. Madame Jeanne Guyon descobriu a grande diferença entre orar a Deus e experimentar Deus através da oração. Ela compartilha os segredos deste mais elevado plano de comunhão na esperança que você avançará em sua jornada individual com Deus. Acrescentando, você aprenderá a desfrutar a presença de Deus, crescerá no conhecimento da Palavra, experimentará descanso na inquietação e adquirirá sabedoria para entender a si mesmo. Descobrirá a alegria de um coração e mente tranquilos, aprenderá como sobreviver aos seus períodos "áridos" de oração, e ficará contente onde Deus o colocou. Madame Guyon encontrou o caminho para Deus através da oração no meio de uma civilização denegrida. Suas palavras ecoam uma mensagem intempestiva na medida que pavimenta o caminho para nós, para também encontrarmos Deus através de suas abençoadas instruções. As brilhantes jóias da verdade, neste livro, não foram preparadas para serem lidas e postas de volta em sua estante. Elas vão levá-los a compartilhá-las com o mundo.
Recomendo este livro a todos/as que estão insatisfeitos com sua devocional pessoal.
Pr. Wandeir P Tavares