quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Desafios para uma espiritualidade Cristocêntrica nos dias atuais

Wandeir P Tavares (Pastor e Coach)-Foco em:
Resultado; Gestão de pessoas; Formação e
Treinamento de Equipes.
CO-AUTOR: Rev. Oseias de Lima Vieira-http://lattes.cnpq.br/3177367741188520
                                                                                  
      Quando falamos em espiritualidade prontamente pensamos em uma dimensão, um ambiente fora de nossa realidade, algo abstrato em oposição à matéria, como se espiritualidade não fosse compartilhada com o corpo, algo que pertence somente ao céu e não envolve com as coisas da terra. Mas a verdadeira espiritualidade se envolve com as questões culturais políticas e nos desperta a crítica contra a injustiça, à desmoralização social e nos envolve com as questões do meio ambiente e muito mais porque uma espiritualidade Cristocentrica não é apenas denominar-se cristão ou ser um frequentador assíduo de alguma denominação, mas viver uma espiritualidade Cristocentrica é seguirmos a Cristo com o alvo de se tornar a sua imagem e semelhança sendo promotores do bem estar de todos, mesmo aqueles que não sejam cristãos.
O pastor Ricardo Barbosa de Souza em seu livro “O desafio bíblico da espiritualidade cristã” explica que espiritualidade tornou-se, na cultura moderna, um termo abstrato, vago e presente em quase todos os segmentos da vida, da religião à economia, da ecologia ao mundo dos negócios, expressões que se encontram intimamente conectadas: subjetividade e pós-modernidade. Para compreender o conceito de espiritualidade e os desafios para uma espiritualidade Cristocêntrica nos dias atuais faz necessário ter uma concepção da evolução teológica em torno da espiritualidade  desde a vida de Jesus até hoje.
Durante os primeiros anos da Igreja, o Espírito Santo intensificou várias vezes na vida da Igreja.
 A espiritualidade clássica conglomera os esforços pessoais dos Santos e Doutores da igreja nos movimentos da patrística, da monástica e da mística medieval, isto é, a ação do Espírito Santo anterior à Reforma.
 Portanto podemos destacar o período entre o concílio de Nicéia em 325 d.C.  e o de Constantinopla em  381 d.C. sucedidas as grandes perseguições, a espiritualidade concentra-se no convite à conversão e à fé através  da vida evangélica.  A experiência do renascimento no Espírito de Verdade e de Amor, leva os escritos do apóstolo Paulo e do apóstolo João a intuir não só a pessoa do Espírito Santo na Trindade, mas também a espiritualidade da existência cristã seja do indivíduo, da comunidade e da Igreja.  Através da história da Igreja apareceram várias escolas de espiritualidade. No essencial concordam, pois sugerem a continuidade a Cristo.  Todavia se apontam nos meios peculiares e modos de santificação.  Agostinho de Hipona (354- 430) conhecido universalmente como Santo Agostinho foi um dos mais importantes teólogos e filósofos dos primeiros anos do cristianismo, com sua teologia da graça, sua regra de espiritualidade para os religiosos, seu caminho para Deus, desempenhou influência na teologia Cristã  na Idade Média até nossos dias.
 Francisco de Assis, (? - 1226) também conhecido como São Francisco de Assis, em seu movimento caloroso de pobreza, sofreu as restrições impostas pela hierarquia religiosa de sua época.  Muitas ações verdadeiras da espiritualidade cristã, quem sabe, foram suprimidas e outras se instituíram por toda a parte.
Nos séculos XV e XVI, uma espiritualidade medieval sofre mudanças importantes, que Humanismo que tem como pensamento nascente a defesa da liberação da criatividade e da vontade do ser humano, em oposição ao pensamento escolástico, segundo o qual todas as questões terrenas deviam subordinar-se à religião, tendo assim o predomínio do humano sobre o metafísico tendo assim como seu porta voz Erasmo de Roterdã (1469-1536). Por outro existe uma força interna vinda do anseio de reforma, com Pe. Rev. Martinho Lutero (1483- 1546).
Na espiritualidade Cristocentrica Lutero percebeu a miséria humana declarando que nós somos mendigos, e que essa é a verdade, uma intrigante e difícil redescoberta à firme conclusão de que ninguém é capaz de justificar-se por suas obras e que é preciso recorrer à graça divina, que pode ser obtida por meio da fé em Jesus Cristo. A partir dessas duas redescobertas ele chegou logo à graça, que é o amor de Deus ativo em benefício da salvação do homem pontuando aqui a espiritualidade que se concentra em Cristo e somente em Cristo, “Solus Christus”, expressão latina refere-se ao termo: "salvação somente por Cristo" é um dos cinco solas propostos pelos reformistas para resumir as crenças básicas do Cristianismo.
Assim como Lutero os puritanos valorizavam grandemente o estudo e a vida intelectual, ao mesmo tempo em que davam ênfase a uma espiritualidade rica e transbordante, cristianismo prático, davam ênfase à experiência religiosa, à conversão e ao contínuo autoexame espiritual, mas também a uma piedade prática que se manifestava em todas as áreas da existência; preocupação ética: ênfase na santidade, tanto pessoal quanto comunitária.  
No século XVIII o pastor anglicano,Rev.John Wesley (1703- 1791) por influência do Pietismo descobre que a essência de uma espiritualidade e a salvação trazida por Cristo era algo que não deveria apenas ser racionalmente compreendido, mas que precisava, acima de tudo, de um testemunho interno dado pelo Espírito Santo para juntar conhecimento, piedade, educação, santidade, verdade e amor que foram afastados, e que a promoção do ser humano se contextualiza em uma espiritualidade saudável se abstendo do mal e ser fator de renovação ético e espiritual na sociedade, participando e eliminando a dor, combatendo a corrupção dos valores morais, sentindo-se, também, responsável por promover o bem estar a todos.
Nos dias atuais os desafios são de que a igreja restabeleça o seu compromisso de deixar Cristo no centro e no governo da igreja para que o povo possa compreender que espiritualidade só é possível quando a missão da igreja seja integral para o Reino de Deus e não para o seu próprio reino e nem mesmo para o reinos das doutrinas, constituições, cânones regimentos.  Com a missão integral e uma espiritualidade Cristocêntrica os desafios atuais são também de continuar a história cumprindo o dever da grande comissão, indo, fazendo discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; educando a guardar todas as coisas que o Senhor determinou na esperança de sua volta para a consumação dos seus decretos.  Este desafio de fazer discípulo é ensinar que a espiritualidade se encontra em todas as esferas da vida humana, seja no meio religioso, político, educacional, hospitalar na vida social interagindo e vivenciando uma espiritualidade saudável para o bem estar do próximo.
      Referências.
BETTENSON, H. Documentos da Igreja Cristã. São Paulo, ASTE. 19--
COLLINS, Kenneth J. A Teologia de João Wesley. Rio de Janeiro, CPAD, 2010.
ESPEJA, J. Espiritualidade cristã. Petrópolis: Vozes, 1995.
GREEN, Michael. A Evangelização na Igreja Primitiva. São Paulo: Vida Nova, 1984.
SOUZA, Ricardo Barbosa. O que é espiritualidade? In: BOMILCAR, Nelson (org). O melhor da espiritualidade brasileira. São Paulo: Mundo Cristão, 2000.
VEITH, JR., G. E. Deus em ação. São Paulo: Cultura Cristã, 2007.

Nenhum comentário: